sexta-feira, 27 de março de 2015

Sem querer querendo

     Saudável inocência nos tempos pueris de jogos e brincadeiras
Emilly Emanuelle é essa menina da foto ao lado. Somos, por assim dizer, seus avós postiços. Desde seus primeiros meses que convive conosco e “manda” no pedaço. O verbo mandar, aqui empregado, está mais que em sentido figurado, senão não faria sentido. O fato é que Emilly preenche aquele espaço de quem (ainda) não tem um neto para curtir nem compartilhar. Já escrevi sobre ela num episódio em que envolveu Juraildes Cruz, um poeta do Centro-Oeste, compositor de “Meninos”, obra prima mais conhecida pela interpretação de Xangai: “Vou pro campo / no campo tem flores / nas flores tem mel / e à noitinha estrelas no céu, no céu, no céu...”.
Hoje, como todas as sextas-feiras – quinze em quinze dias -, ela chega e já “dita” o que queremos assistir na programação televisiva. Eu, pra falar a verdade, nem de TV gosto, mas ela merece nossa atenção, algo tão especial que abro mão até do não gostar de televisão para estarmos juntos. Então pergunto o que iremos assistir e sem pestanejar vem a resposta: Chaves! Por mais batido e pastelão que pareça aquilo tem sempre algo pra se ver e sorrir. Sou arredio aos tapas e encontrões que dão e sofrem a dona Florinda, seu Madruga, Kiko, Chiquinha e, por fim, o Chaves. Seu Barriga, por ser gordo, sofre o mesmo bullying que o Chaves, por ser pobre e o seu Madruga, por ser feio. Mas deixemos o politicamente correto de lado. Falemos de criancice tema que, aliás, tenho certa intimidade por viver uma síndrome pueril, lembram?!
Aquelas brincadeiras tão repetidas em Chaves nos remetem a tempos já “tão pretéritos quanto distantes”, diria meu prezado Jerimum. Jogos de bola e botões pelas ruas e calçadas; baleeira ou baleada; barra-bandeira; passar a pedra; esconder a peia; academia ou amarelinha; artista e bandido guerreando com frutos de carrapateira; deslizar em patins de rolimã ou aro de pneu de caminhão; andar de bicicleta de aluguel; jogar pião e bolas de gude. Ah, tomar banho de barreiro com todo o perigo que não conhecíamos. Isto é impagável e até lembrando a gente se diverte. Desculpem-me os velhos de mente, mas quando estas lembranças me ocorrem é um gozo, sem querer querendo!

Um comentário :

  1. Chegando ao trabalho com uma camiseta vermelha com coração amarelo, vazando o CH, dou carona ao colega Aroldo que se sai com essa: 'Xeu pegar carona com Chapolin Colorado' e eu, de pronto: 'Enquanto não chega a farda... vamos, Chapolin Esverdeado!
    Depois essa maravilha me faz lembrar Marcelino Araújo, que logo, logo será piloto da aviação civil. Fã de Chaves e Chapolin.
    Por fim, boas gargalhadas com esse texto, sem querer, querendo...

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