quarta-feira, 4 de março de 2015

Orlando lembra Giba

Às cinco e quê da matina lá estou eu na fila, junto a estudantada, gente nova buscando uma graduação, gente na pós, mestrandos, doutorandos. Esperança tem essa prodigalidade nas diversas áreas do conhecimento. E eu lá, o vovô da turma! Até pensei e anunciei que usaria a condição de sexagenário para ter “direito” àquele acento de cor amarela. Melhor não, prefiro “disputar” um lugar, um acento e ofertá-lo, no meio do caminho a quem se apresenta. Sinto-me bem em fazê-lo. Faço porque faço: Fi-lo por que qui-lo! 

A volta é sempre mais “lite”, todos sentados, lugar de sobra, conversas fluindo intensas. Hoje, ao meu lado, senta-se Orlando, menino sabido e de oração. Não sei por que lembrei seu Gilberto (Giba Mago), velho amigo, quase um pai, já noutro plano, que rezava da mesma forma. A bem da verdade, não era bem assim, como veremos adiante. Orlando não larga o rosário, pelo menos no horário matinal, na ida ao campus-UEPB, debulhando-o no compasso dos lábios, como se pantomima fosse. Fiz antes referência àquela conversa correndo solta, estrada afora. Na volta observara ao amigo Orlando a conversa que flui entre Jailma e Angélica, sem perspectiva de esgotar. Haja assunto, comentara eu com ele. Um banco à frente, elas se voltam e protestam. É aí que a barca vira. Angélica e Orlando desandam a falar numa linguagem contábil. Falou-se de Ativo, Passivo, Balanço, Capital Social, Controle, Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados... Passivo fiquei eu, ali, nada entendendo até que João Guimarães, Cora Coralina e Manoel de Barros entram em pauta. Ativo fiquei, então. 

Quanto a Giba Mago, acima citado, encerrarei com certo episódio que o envolve, daí compará-lo a Orlando. Estava ele na missa, primeira fila, sem o traquejo beatífico. Olhava de lado, imitava a senhora ao lado. Era oração, era cântico, usava da pantomima, fazia de conta. Genuflexório? Observava e ia junto! A mulher cochilou, pendeu para o lado, caiu no colo de alguém. Seu Giba, achando que era ritual, pendeu também.

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