sexta-feira, 8 de maio de 2015

Quando a memória nos trai

Tâmara Oliveira bem que me advertira
Perdi a festa do Troféu Gonzagão! Ontem, pensei que fosse hoje. Hoje, vi que era ontem. Ao contrário do que muitos pensam não estou maluco. Isto se deu comigo, fui traído pela memória. Aliás tenho recorrido neste tema, os amigos não dão crédito, desdenham do meu mal, querem o meu bem. Mal sabem que beiro a verdade quando me refiro a uma amnésia que insiste em se instalar dentro de mim.
Eu recebera e-mail do casal Rilávia e Ajalmar, como de costume, anunciando a entrega dos convites e senhas para o Troféu Gonzagão, esse grandioso acontecimento nacional. E não é que “encasquetei”, com a data de hoje! Até teimei com minha amiga "fotógrafa" Tâmara Oliveira, no Centro Cultural Lourdes Ramalho, que me advertira: “Carlos, você não vai ao evento?”. Retruquei como se estivera certo que só hoje ocorreria. “Não, Tâmara, o Gonzagão é amanhã, dia 8 de maio. Assisto a aula de teatro, aqui no Centro, e rumo à festa em seguida”. Os companheiros Emerson Tomaz e Evado Brasil, parceiro na dupla Jerimum e Xiquexique e de trabalho na Secretaria Municipal de Educação, em Esperança, respectivamente, entraram na minha “neura” aceitando a data como sendo hoje. Todos viajamos na maionese! 
O importante, minha gente, é que o Troféu Gonzagão já está entrando na maioridade, 17 anos, surpreendendo a cada ano. Um evento nacional, como frisei, realizado com a magistral competência e esmerada entrega dos meus amigos Rilávia e Ajalmar. Amanheci meio acabrunhado como quem foi acometido por extremo banzo. Fui traído por uma memória que insiste em me pregar peças. Afinal hoje não é mais ontem, hoje é um presente até que chegue amanhã: quando será passado.
Quanto ao Troféu Gonzagão, em si, nossos parabéns a todos que contribuíram para a realização dessa festa glamorosa; aos artistas que vêm a 0800 e garantem o brilho tão peculiar. A Rilávia e Ajalmar não há mais o que dizer diante da grandeza dos seus gestos. 

sábado, 2 de maio de 2015

A marmita e o cheiro no ambiente

–Não precisava mostrar o conteúdo de sua sacola, moço!

–Fi-lo porque qui-lo. Por desencargo de consciência.

–Mas ninguém sugeriu que o senhor mostrasse―, disse-me a funcionária educadamente.

Apressei-me em mostrar a marmita e os biscoitos a fim de evitar constrangimentos, informei-a.

Dias depois, atento ao velho ponteiro de uma balança não acreditei no resultado. Caminhei duas quadras, outra balança me espreitava à chegada. Subi, conferi, admirei-me: havia perdido algo em torno de seis quilos de massa corpórea. Nem precisei de um Spa para ficar assim tão esbelte, assumindo os riscos que essa minha estripulia pode acarretar à saúde. Uso os números para uma consulta ao Dr. Google e lá fico sabendo que meu Índice de Massa Corpórea – IMC acusa 22,72. Sabendo, ainda, que para minha altura o peso ideal deveria ficar entre 65,59 e 83,61 kg.

Estou, portanto, dentro da mais absoluta normalidade. Mas não foi assim que entenderam algumas colegas de trabalho. Houve espanto talvez pela barba por fazer. Então correram a recomendar cuidado com a alimentação, repouso, sono...

Explico em detalhes. Uma chega com marmita à mão me fazendo lembrar dos tempos de minha mãe, obrigando-me levar lancheira com aquele cheirinho gostoso de coisa caseira. Mesmo alegando que almoçara (como poucos milhões de mortais, neste planeta), não a convenci. Vi-me obrigado a trazer a tal marmita para servir de janta ao anoitecer.

Pus a marmita em sacola plástica junto com um pacote de biscoito degustado pela metade. Em um mercado da Boa Vista, havendo necessidade de comprar o básico alimentar para o café da manhã e lanche vespertino, dirijo-me ao caixa. Carrinho na fila chego, vejo as compras deslizando em direção à funcionária atenta aos itens, fazendo a leitura ótica, um a um.

Lembrei, então, da marmita que conduzira junto ao saquinho de biscoitos. Pus-me a explicar que o segurança não viu necessidade em por lacre naquela minha sacola. Abri-a, saquei a marmita cuja transparência denunciava o arroz, macarrão, farinha, feijão e um bife de encher a vista. Para não deixar dúvidas retirei a tampa e um cheiro gostoso tomou conta do ambiente.

Sorrindo com a cena, colada ao meu carrinho de compras, vinha Maria Luiza Rolim, uma “deusa” do Diário de Pernambuco, a quem me dirigi explicando a antecipação para evitar possível constrangimento na passagem pelo caixa:

–Desde o meio-dia estava ali acondicionado, meu almoço, agora tornado janta. Explicava, ela sorria.

Para não fazer desfeita, dado o esmero e cuidado, com a colega que me oferecera tal refeição, comi ao chegar em casa. Ontem rendi minhas homenagens aos trabalhadores da indústria farmacêutica e de louça sanitária. A massa corpórea, ainda bem, manteve-se no patamar de outrora.