domingo, 24 de agosto de 2014
Tudo flui!
domingo, 17 de agosto de 2014
Com os “burros n’água”
Já que falei em guerra, e sem banzo para lastimar, lembrarei minha primeira experiência de casado lá pra bandas dos desentendimentos normais de quem convive em comunidade. A que me refiro, recém formada, se compunha de Carlos e Parícia, há alguns meses do casório, nos longínquos anos de 1986, em Jaboatão dos Guararapes, praia de Piedade. Nada há de novo – estão aí dois tristes exemplos – a humanidade briga por tudo e por nada. No caso em tela brigamos por quase nada, o suficiente para eu dar com os “burros n’água”, aqui me valendo do velho adágio popular. O tempo era de vacas magras, bem mais que agora, quando fazíamos a feira e contávamos os “cruzados”, moeda extinta e sem valor algum. Garantíamos o básico e a pouca sobra destinava-se à farra de guloseimas: um par de Danete, o apelo gastronômico da época.
Brigamos por nada e, naquele domingo, fui só, tomar banho de mar e desopilar no futebol nas areias e no sol não tão piedosos de Piedade. No mar ou na areia mergulhava na ideia fixa de chegar em casa e, antes de qualquer coisa, sentir o sabor daquele chocolate cremoso e bem gelado. Caminhei os dois quilômetros entre o mar e o Dom Hélder Câmara, condomínio onde residia. Abri a porta do apartamento, pisei vagarosamente para não denunciar a chegada, fui à cozinha, abri a geladeira. Olhar de relance, com o parco abastecimento, veio a desconfiança de algo errado, não vi o meu potinho de Danete. Volto va-ga-ro-sa-men-te a visão e tenho a certeza que ali nada havia de chocolate cremoso, nem gelado. Astuto olho ao lado e vejo a prova do crime: o potinho estava amassado e à mostra, premeditadamente, no balde na lixeira. Ao contrário do que muitos pensam, tive um acesso misto de raiva e de riso.
E, como forma de vingança, bebi toda a água da geladeira: dei com os “burros n’água”.
domingo, 10 de agosto de 2014
Tributo a seu Gilberto!
sábado, 9 de agosto de 2014
Tributo ao meu sogro!
A herança do meu pai!
Dividir para somar! No mais sublime
sentido da frase.
Seu Soares era homem rude, dócil,
intempestivo, festivo! Veio do mato e o trouxe consigo. Assimilei todos os seus
defeitos e qualidades. Sou o filho mais assemelhado a ele e, por isso mesmo,
aquele que lhe apresentava o contraditório nas questões familiares ou quaisquer
que fossem. Do mesmo modo que ele eu ganhei o mundo ainda cedo, buscando
realizações e sobrevivência. Essa simbiose nos aproximava e nos afastava.
Éramos intemperantes! Mas aquele homem era de uma grande alma.
Criei-me vendo a casa sempre cheia de
amigos e muita música naquela radiola de pés, onde os discos (long-plays)
deslizavam um a um, uns sobre os outros, a agulha fazendo a leitura em seus
sulcos, a música enchendo a casa de som e alegria. Nossa morada até parecia
casa de passagem, gente todo dia, o ano inteiro.
Era generoso com os seis filhos, sobrinhos e sobrinhas que por lá chegavam,
ficavam até casarem e tomar seus rumos. Outros, sem parentesco, tinham o mesmo
acolhimento e se tornavam membros da família. Homem “não alfabetizado” trazia um
jornal consigo, na volta das jornadas de trabalho, à noitinha. Eu, segundo mais
velho dos sobreviventes, geralmente fazia as leituras. Como usava o transporte
ferroviário tinha pontualidade nas chegadas, bem próxima às seis horas.
Tínhamos o hábito da Ave-Maria, transmitida pela Rádio Jornal do Commércio e o
Terço, em seguida, na Capibaribe.
Papai chegava, corríamos para o abraço
e sentíamos aquele seu cheiro peculiar, a nicotina vinha junto, saída dos seus
poros. Ainda suado, nos abraçava, estava em casa! Dali a pouco o café era
servido.
A herança! Nos festejos carnavalescos, juninos e natalinos, na rua em que
morávamos, era papai quem tomava a iniciativa das ornamentações e comilanças.
Saudosa memória, boas lembranças!