segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Vira e Mexe II

“Riacho do Navio corre pro Pajeú, o rio Pajeú vai despejar no São Francisco, o rio São Francisco vai bater no mei' do mar...”. Luiz Gonzaga conheceu o tal Riacho do Navio em visita à terra natal de seu Januário, seu pai, em Floresta onde a Pedra do navio dá nome a esse famoso riacho pluvial que atravessa o sertão de Pernambuco como afluente do Rio Pajeú. A homenagem de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, “sem se darem conta disso, definiram a terceira ordem hidrológica, que os engenheiros procuravam há tanto tempo e não descobriam, que era fazer o açude na mesobacia, no riacho do navio... Então, hoje, nós estamos fazendo os açudes no riacho do navio. São os açudes que ficam perto das cidades, na serra, no Sertão, entre a serra e as primeiras cidades. Foi assim que a população ficou mais abastecida”, assegura o doutor Hypérides Pereira de Macedo, Secretário Nacional de Infra-estrutura Hídrica.

Essa conversa é água pura! Começa pela canção e deságua em bacias hidrográficas, assunto mais que palpitante. Hypérides Pereira afirma, em seus estudos, que os carros-pipa estão com dias contados. Hoje, conforme dados daquela Secretaria, os pipas abastecem 2% da população do Nordeste. Hypérides ainda enfatiza que “se somarmos todos os carros-pipa da Defesa Civil e do Exército, multiplicar pelo volume de água e colocá-los trabalhando por dez horas por dia, isso dá um volume tão pequeno, que é um terço da vazão dessa barragem de Sítios Novos no Ceará. É um terço dessa vazão”.

Ainda conforme o documento da Secretaria Nacional de Infra-estrutura Hídrica, “no Ceará há uma região como, por exemplo, a de Ibiapaba, onde há 30 quilômetros de adutora por mil quilômetros de território. Não há um carro-pipa nessa região, porque foi feita uma adutora grande, ramificada demais. Se você medir a extensão e dividi-la pelo território, você verá que há 30 quilômetros de adutora por mil quilômetros de território. Se o Ceará ou o Rio Grande do Norte – Sergipe apresenta o mais alto índice de adutora hoje –, se o Nordeste caminhar para colocar uma densidade de adutora dessa ordem de 30 quilômetros de adutora por mil quilômetros de território, o Semiárido vai aposentar o carro-pipa, porque a adutora é o instrumento mais poderoso para transferir água tratada de melhor qualidade dentro do Semiárido. E é o que se está fazendo. É um grande programa de adutora”.

Ao contrário do que muito pensam, muitos pensam ao contrário. Lembrei Gonzaga pra falar de água, algo com que ele sonhava como a redenção nordestina. Com vontade política o carro-pipa tem seus dias contados. Vejamos quando!

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