domingo, 24 de agosto de 2014

Tudo flui!

Aquele poema e aquela música tinham tudo a ver com ela. Primeiro veio o meu espanto, à primeira leitura, aquilo que podemos chamar “paixão à primeira vista”. Nosso último encontro se deu na última sexta-feira, na sala 125, Central de Aulas da UEPB. Eu a conheci pelas mãos de Vitório, companheiro de conversas amenas cujos livros, em idioma russo, foram confiscados pelo golpe de 64. Numa dessas amenidades Vitório Mazzile me apresenta Heráclito de Éfeso, o Obscuro: "Da luta dos contrários é que nasce a harmonia”; “Tudo o que é fixo é ilusão”; “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”; “Das coisas surge a unidade. E, da unidade, todas as coisas”.

O poema “A instabilidade das coisas do mundo” é do baiano Gregório de Matos, já a música “Como uma onda no mar” é de Lulu Santos. Ambos, poema e música, tem tudo a ver com o filósofo de Éfeso. Encantou-me em Heráclito saber que aquilo que de tão simples era pura filosofia. O rio Tejipió, onde brincava com barquinhos de papel, nunca deixaria de ser rio Tejipió, embora não fosse o mesmo rio. Era o óbvio visto pela ótica filosófica desse menino sabido, para quem o “logos” é o princípio organizador que governa o mundo. É que a partir de Heráclito a palavra logos toma um sentido filosófico daí o princípio cósmico da Ordem e da Beleza.


Eu a encontro nos livros e no estudo da Lógica, disciplina que pago com o Professor/Doutor José Nilton Conserva Arruda, ex-companheiro de Carmelo e uma das prodigiosas mentes de Princesa Isabel, terra da qual guardo belas recordações. Ao contrário do que muitos pensam, é com a lógica que afasto o banzo que quase me toma, encontrando-me sozinho e só, nesta tarde fria de domingo. “Nasce o sol e não dura mais que um dia...”; “Nada do que foi será de novo do jeito que foi um dia...”. Tudo flui: O poema, a música, a filosofia!

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