domingo, 10 de agosto de 2014

Tributo a seu Gilberto!

Em meu périplo pela vida tenho encontrado lugares e pessoas acolhedoras. A Paraíba entrou na minha vida como mão e luva, embora não abdique da minha pernambucanidade, tenho a Paraíba como torrão demasiadamente caro. A contar os anos que por aqui me encontro, conto mais que metade da minha existência. Pessoas e lugares me fazem aqui permanecer e querer bem. E eu, recém-chegado de Recife, recebo um convite para ir à casa de gente até então desconhecida, uns amigos de Judi de Lourdes e Silvestre Batista. Sogra e sogro tinham os Sobreira na conta de uma espécie de gente rara, amizade beirando consanguinidade.


Chego à casa e, em curto tempo, sinto-me parte dela. O almoço já havia sido servido há muito, mas à mesa continuavam todos numa conversa larga, amena, atrativa. Dali a pouco foi servido o lanche vespertino corriqueiro, religioso. À mesa cabiam mais que dúzia contadas as visitas. Era enorme aquela mesa que abrigava pratarias, guloseimas e amizade. Do nada sou indagado, pelo dono da casa, sobre o que gostaria de saborear. Olho para mesa e, já sem acanhamento, informo que tudo à vista era do meu inteiro agrado. Não satisfeito o dono me faz outra indagação: − Eu estou querendo saber de algo que você goste e lembre-se de sua terra. A memória viaja muito rápido e, antes que alguém insista, emendo:         − Gosto de um pãozinho Recife! Seu Gilberto − o dono da casa – sai à francesa sem que eu imaginasse o que lhe fizera sair. Talvez haja se passado uns dez minutos e ele chega, senta-se à mesa, naquele seu lugar, território demarcado, abre um pacote e me diz: − Taí seu pão Recife!

Gilberto do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) ou Giba Mago, para o amigos radioamadores; Gilberto, simplesmente, para outra leva de pessoas e seu Gilberto para outros tantos que usufruíam de sua sincera e arraigada amizade. É a este homem, para quem não havia tempo ruim, que faço, de modo simplório e carregado de gratidão, este tributo. Aquela sua casa é, por assim dizer, a extensão da nossa casa.

Saudosa memória, boas lembranças, aos modos do meu pai!


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