Em
meu périplo pela vida tenho encontrado lugares e pessoas acolhedoras. A
Paraíba entrou na minha vida como mão e luva, embora não abdique da
minha pernambucanidade, tenho a Paraíba como torrão demasiadamente caro. A
contar os anos que por aqui me encontro, conto mais que metade da minha
existência. Pessoas e lugares me fazem aqui permanecer e querer bem. E
eu, recém-chegado de Recife, recebo um convite para ir à casa de gente
até então desconhecida, uns amigos de Judi de Lourdes e Silvestre
Batista. Sogra e sogro tinham os Sobreira na conta de uma espécie de
gente rara, amizade beirando consanguinidade.
Chego
à casa e, em curto tempo, sinto-me parte dela. O almoço já havia sido
servido há muito, mas à mesa continuavam todos numa conversa larga,
amena, atrativa. Dali a pouco foi servido o lanche vespertino
corriqueiro, religioso. À mesa cabiam mais que dúzia contadas as
visitas. Era enorme aquela mesa que abrigava pratarias, guloseimas e
amizade. Do nada sou indagado, pelo dono da casa, sobre o que gostaria
de saborear. Olho para mesa e, já sem acanhamento, informo que tudo à
vista era do meu inteiro agrado. Não satisfeito o dono me faz outra
indagação: − Eu estou querendo saber de algo que você goste e lembre-se
de sua terra. A memória viaja muito rápido e, antes que alguém insista,
emendo: − Gosto de um pãozinho Recife! Seu Gilberto − o dono da
casa – sai à francesa sem que eu imaginasse o que lhe fizera sair.
Talvez haja se passado uns dez minutos e ele chega, senta-se à mesa,
naquele seu lugar, território demarcado, abre um pacote e me diz: − Taí
seu pão Recife!
Gilberto
do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) ou Giba Mago,
para o amigos radioamadores; Gilberto, simplesmente, para outra leva de
pessoas e seu Gilberto para outros tantos que usufruíam de sua sincera e
arraigada amizade. É a este homem, para quem não havia tempo ruim, que
faço, de modo simplório e carregado de gratidão, este tributo. Aquela
sua casa é, por assim dizer, a extensão da nossa casa.
Saudosa memória, boas lembranças, aos modos do meu pai!
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