domingo, 3 de agosto de 2014

Vira e Mexe!

Recife é palco do seu último suspiro e o dia é dois de agosto de 1989, marcando a orfandade musical nordestina. A desafinada morte leva Luiz Gonzaga que tão bem cantou nossas coisas e nossa gente por cinco décadas. Neste domingo lembro-me de Luiz, lembro-me de Domingos Ambrósio, o sanfoneiro que colocou novos ritmos na cachola de Gonzaga, ainda em tempos do serviço militar, em Minas Gerais. O menino de Exu, sertão pernambucano, ganhou o mundo para tocar valsas, fados, tangos, sambas em bares da zona do meretrício e cabarés da Lapa. Luiz se apresentava tocando músicas estrangeiras em programas de calouros nas rádios cariocas.

Aquele menino amarelo, buchudo, nariz-de-papagaio, zambeto como ele mesmo se anunciava, teve sua grande guinada na carreira através de críticas de jovens nordestinos que, vendo seu talento, sugeriram que tocasse gêneros da nossa região. Esperto, Gonzaga se apresenta no programa do Ary Barroso e é aplaudido com a execução de Vira e Mexe, música inédita e de sua autoria, o que motivou seu primeiro contrato coma a Rádio Nacional.



Pinto do Acordeom, um fiel escudeiro de Gonzagão, por essas paragens brasileiras, nos conta ricas passagens do eterno Rei do baião. O velho Lua era de uma presença de espírito incomum, com suas tiradas humoradas. Mas é outro pernambucano, o saudoso jornalista e professor Rui Cabral, que nos contava outras proezas de seu Luiz que, em viagens pelo interior do Nordeste, optava por se hospedar em irmandades de frades ou freiras, quando consentido e, ao contrário do que muitos pensam, lá deixava parte das rendas dos shows que fazia em tempos de vacas-gordas!

Vira e Mexe Luiz vem à nossa lembrança: E como não lembrá-lo?!

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