O homem só
valoriza aquilo em que se (re)conhece com profundidade. A partir do momento que
valorizamos algo, tendemos a querer proteger. Assim ocorre com a diversidade
cultural, o maior patrimônio da humanidade. Aquilo que somos ou representamos
ser, buscamos proteger e promover a partir da profunda compreensão do nosso significado
e do porque sermos o que somos. Uso uma expressão já recorrente nas minhas
intervenções, a de que somos vários brasis. Há uma diversidade cultural sem
precedentes, e nas mais abrangentes áreas da cultura. Talvez ou certamente por
isso, Darcy Ribeiro nos eleve à condição de “Civilização dos Trópicos”, dado à
miscigenação de raças, com tantas nuances e riquezas. A fusão de europeus,
índios e negros a priori, juntando-se aos irmãos de todas as matizes e credos
dos quatro cantos do globo, forjaram um povo diferenciado dos povos daquelas
regiões do mundo. Línguas, dialetos, costumes, valores e todos os demais traços
culturais são eminentemente humanos. Carecemos ver o outro, numa concepção de
alteridade onde a existência do "eu-individual" se expanda para o
Outro. Somos diversos, somos fecundos. Isso há de ser protegido, promovido!
Vivemos um
tempo terrível, onde a luta de classes tão evidenciada na obra de Marx, é
insistentemente maquiada por aqueles que “legalmente” detém o poder de
persuasão midiática ou mesmo pela omissão do estado em se utilizar do seu poder
coercitivo em favor das minorias. Como proteger e promover a diversidade se não
estabelecermos, entre nós artistas, produtores, gestores, uma agenda mínima de
aproximação e conscientização dos verdadeiros beneficiários dessa diversidade:
o povo brasileiro! É essa gente que deverá se beneficiar do Vale-Cultura. Carecemos
fazer valer essa conquista.
: O
brasileiro de todos os brasis!
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