Tenho tido mais tempo para mim, tempo para reflexões, tempo para jogar
conversa fora com amigos em carne e osso, tete-a-tete, como manda o figurino. Sem
os botõezinhos mágicos que aproximam mundos e pessoas e nos deixam maravilhados
pela agilidade e instantaneidade. Hardwares e softwares juntam-se e
colocam o universo ao alcance de nossas mãos. Estamos conectados diuturnamente.
Vamos ao shopping, ao mercado, à farmácia, ao banco... nos divertimos, nos
encontramos, namoramos sem que haja um desprendimento mínimo de energia. Vivemos,
verdadeiramente, um mundo fantástico.
Da rede alpendrada que me acolhe ouço Dominguinhos em seu “Lamento
sertanejo”. Reflito na letra que reflete exatamente este mundo fantástico: “Eu
quase não saio / Eu quase não tenho amigo / Eu quase que não consigo / Ficar na
cidade sem viver contrariado... Eu quase não falo / Eu quase não sei de nada / Sou
como rês desgarrada / Nessa multidão, boiada caminhando a esmo”. Albert
Einstein, menino sabido, como diria a amiga Ana Débora Mascarenhas, há muito sentenciara:
"Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. Então o mundo
terá uma geração de idiotas”. Sérgio Cortella, filósofo dos nossos dias, nos
traz uma reflexão sobre a
despamonhalização da vida, a sociedade do Fast-food. Saímos de casa, diz ele, para comer comida caseira,
contrassenso sem tamanho.
Ao contrário do que muitos pensam, vivemos sós em meio a dezenas
ou centenas de milhares de amigos, como rês desgarradas e caminhando a esmo.
Amigos que não abraçam, não nos olham nos olhos, que não se desprendem de parafernálias
tecnológicas para jogar conversa fora. Nada contra essas tecnologias que tanto
nos auxiliam. Eu os aguardo em minha rede.
Ainda na grande Recife, apontávamos para uma vida simples, "casa no campo"... parece que isso não deixou de ser ideal de bem viver. Eu lembro! E Luiz Alberto "Juncol" é testemunha.
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