Fui ao lançamento do filme
Terremoto, no extinto Cine Moderno, localizado à Praça Joaquim Nabuco. O cinema
teve que fazer algumas adaptações para suportar o som especial daquela exibição.
Empolgado com a novidade sentei-me na primeira fila, queria sentir de perto a
emoção tão propalada nos meios de comunicação. Eu era, dentre milhares de
recifenses, um felizardo pela cortesia recebida. Estava, de fato, naquela avant
première.
Enfim é chegado o momento, apagam-se as luzes, abrem-se as
cortinas. O Canal 100 era, por assim dizer, o prato de entrada nas sessões
cinematográficas brasis afora. Bons tempos aqueles quando ainda haviam os
cinemas com seu público, pipoqueiros, sorveteiros, trocas de gibis e fantasias,
a fábrica de sonho das películas. Inicia-se o filme, ratifico de cara o som
especial tão anunciado. Tremia tudo! Paredes, piso, cadeiras... Eu tremia por
dentro com as cenas que lembravam um episódio ainda muito recente na capital
pernambucana. Um boato criminoso, espalhado
por uma emissora de rádio local, paralisou o comércio de Recife com o “rompimento”
da barragem de Tapacurá. Lojas fechavam suas portas, funcionários e clientes
abandonavam seu interiores, ônibus desembarcavam passageiros enquanto outros
tantos neles embarcavam, pessoas se encontravam como formigas e, numa curta conversação, rápido
se dispersavam. O pânico tomara conta da cidade.
Naquela sessão o som e a tremedeira
aumentaram na cena do rompimento de uma barragem. Aquilo deixou de ser uma
película, o filme que passava em minha mente era real. Lembrei da cena que vira
do terceiro andar do prédio do Diário de Pernambuco, naquele dia de pânico. Saí
cambaleando em meio aos cinéfilos que lotavam o Moderno. O pânico estava ali:
Tapacurá, para mim, estava se rompendo!
Carlos Almeida ainda está pra curar o trauma de Tapacurá!
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