Viajo em minha rede em busca da memória futebolística
juvenil lá pela década de 60, onde as ruas não asfaltas nem assaltadas nos
serviam às brincadeiras variadas e, neste contexto, o futebol se dava à solta.
Frequentei alguns quintais chutando bolas de meia, dividindo espaço com
galinhas, patos e perus. Na casa de seu Gilberto e dona Bilzinha, nos arrabaldes
de Recife, havia um desses quintais e era o de nossa preferência. Ali já havia,
além do espaço físico, a aquiescência dos donos da casa. Driblávamos aqueles
animais e suas gamelas, fugíamos do encalce de Dick e buck, dois cachorros
perdigueiros com suas presas afiadas a nos roubar as bolas de plástico ou
borracha até furar algumas delas. Mas isso também fazia parte da nossa
diversão, mesmo com a dificuldade de adquiri-las.
Ao contrário do que muitos pensam, criança é criança ontem,
hoje e sempre com o mesmo espírito pueril. O que muda, decerto, é a forma do
jogo que se dá em campos entapetados de grama, uso de uniformes completos, acompanhamento
profissional e a grata participação principalmente das mães, nunca concebida em
tempos de outrora quando jogávamos de pés descalços. Pelo menos nada muito
comum em nossos tempos de criança, onde minha mãe, por exemplo, só ia ao meu
encontro para tirar-me do jogo com cuidado nos acidentes comuns a uma boa
pelada juvenil. Para a criança de hoje tal qual a de ontem e de sempre há um jeito
de ser feliz!
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