Seu Basto era aquele dono de bar esperto
e espirituoso, não perdia uma piada e nem levava desaforo pra casa, respondia “em
cima da bucha”. E não viessem com pedido esdrúxulo, ele não tinha “papas na
língua”. Este era um traço daquele dono de bar que cativava a clientela. Em
comum com Seu Paizinho, o bodegueiro do conto anterior, havia um gato em cima
do balcão. Aquilo não trazia incômodo a ele nem aos seus fiéis clientes. Uma
toalha sempre ao ombro era parte de sua indumentária. O jeito intolerante, ao contrario do que muitos pensam, era só figuração, estratégia de bem viver e conquistar a clientela.
Num bar os assuntos são variados. Conversa-se de tudo. De política a religião, mas futebol e vida alheia são assuntos imbatíveis. Há, ainda, os ébrios com suas conversas fantasiosas de muita proeza, muita riqueza e, às vezes, puras traições. O dono de bar é um tanto psicólogo, advogado e até juiz, só não cabendo ser padre ou pastor, pois as drogas lícitas que serve o tornam incompatível com a religiosidade. O que ele faz, religiosamente bem, é o tratamento dispensado à sua clientela, assídua e fiel, em sua maioria, a exemplo de Seu Basto.
Num bar os assuntos são variados. Conversa-se de tudo. De política a religião, mas futebol e vida alheia são assuntos imbatíveis. Há, ainda, os ébrios com suas conversas fantasiosas de muita proeza, muita riqueza e, às vezes, puras traições. O dono de bar é um tanto psicólogo, advogado e até juiz, só não cabendo ser padre ou pastor, pois as drogas lícitas que serve o tornam incompatível com a religiosidade. O que ele faz, religiosamente bem, é o tratamento dispensado à sua clientela, assídua e fiel, em sua maioria, a exemplo de Seu Basto.
Era arredio a conversa mole, fosse
direto no pedido e ele prontamente atendia. Que viessem sem arrodeio, aquilo não
era de sua tolerância. Ocorre, porém, que alguns o provocavam para
sentir sua reação, como se sairia das “enroscadas” propositais. Certa feita,
por exemplo, lhe chega o pedido de uma mesa. Dois clientes haviam pedido um pé
de galinha, cada, para saborear com um gole de aguardente. Seu Basto atende de
pronto. Serve-lhes a aguardente, os pés de galinha e volta ao balcão. Não
demora muito e mais um pedido vem da mesma mesa. Os clientes, talvez por
provocação, repetiam os pés de galinha e a cachaça. Uma dose e um pé, cada um
deles.
Seu Basto, com “dois quentes e um
fervendo”, termo há muito esquecido, saí do balcão, vai à mesa e despeja:
- Vocês desejam o quê, mesmo?
- Dois pés de galinha e duas doses de
aguardente, Seu Basto!
- Tão pensando o quê, dois estrupícios? Matei
uma galinha, não um tamborete!
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