Havia ajudado ao motorista no conserto do ônibus e os sinais
estavam na roupa suja de óleo e poeira, nada recomendável para aquele réveillon.
Pus-me, então, a contemplar as pessoas na euforia da passagem do ano. Grupos
se formavam e se desfaziam naquele frenesi, sob minha observação. Uma angústia,
mais que normal, já quase me dominava por não estar entre familiares ou amigos,
naquele momento festivo de tanto significado. Até que fui abordado por dois
jovens solícitos a me oferecer ajuda. Indagaram de onde vinha; o que fazia ali,
parado; para onde ia ou a quem procurava... Convidaram-me a acompanhá-los, cada
um, para suas casas me oferecendo roupa e abrigo. Ao contrário do que muitos
pensam, há sempre mãos que acolhem.
Sem opção de seguir viagem, aceitei a cooperação
de um deles. Agradeci a ambos, mas expliquei que aceitara o convite de
Gilvan por ser o primeiro a me abordar. Naquela casa modesta e acolhedora fui
recebido como um ente da família. Banho, refeição e boa receptividade foram o
cartão de visitas. Na manhã seguinte acordei-me às oito horas com todos à mesa,
aguardando minha presença. Senti-me em casa! Sempre que por ali passei, os
visitei ou, pelo menos, deixei um bilhete robusto na única barraca de caldo-de-cana
lá existente. Sou-lhes grato para sempre!
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Mãos que acolhem
“Quando eu estou aqui eu vivo este momento lindo...”. Desembarquei daquele ônibus, à beira da estrada, vi fogos de artifícios indicando
o romper do ano de 1982, e aquela música tocava ao longe: Emoções. Caminhei por alguns minutos,
seguindo as luzes daquele lugarejo, até que cheguei numa mercearia onde havia
confraternização e gente alegre. Uma pedra larga, à altura da minha cintura,
serviu de abrigo à mala que carregava. Pousada não havia por ali que me
abrigasse nem transporte que me conduzisse. O ônibus com destino a Serra
Talhada quebrara e atrasara a chegada ao meu destino. Sítio dos Nunes, onde me
encontrava, ficava a meia hora de Princesa Isabel. Ali teria que pernoitar.
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