sábado, 17 de janeiro de 2015

Pânico no cinema II

Mais uma cortesia me chega às mãos pouco tempo depois daquele pânico no Cine Moderno, agora noutra avant première, no Cine AIP, pertencente à Associação da Imprensa de Pernambuco. Inferno na Torre seria o filme a ser exibido e, avaliando o episódio anterior com o filme Terremoto, criei coragem e fui assistir àquela película também badalada nas rodas de amigos. É preciso que eu descreva o cenário para melhor entendimento do leitor. O Cine AIP, conforme ilustração, situa-se no décimo primeiro andar do Edifício Igarassu, uma das primeiras edificações verticais do Recife.
Ocorre que o episódio do Moderno era passado e, como diz o ditado, “o passado não move moinho”. Fui, tomei o elevador, cheguei ao Cine AIP, sentei-me no salão à espera de alguém conhecido para me servir de companhia. Aquilo não era medo, mas uma espécie de segurança. Talvez me sentisse seguro caso houvesse outro surto medonho. “Quem espera sempre alcança” é outro adágio popular que, dessa vez, não se cumpriu. Resolvi ir sozinho à sala de projeção, afinal. Com o Canal 100 prestes a encerrar, acomodei-me numa poltrona do corredor, bem próxima à saída. Mas não por medo, uma certa precaução, apenas. Inferno na Torre, vale aqui o registro, é a história do mais alto prédio do mundo que, na noite de inauguração, arde em chamas, aprisionando os convidados nos andares mais altos, dando início a uma sequência de atos heróicos e terríveis perdas humanas com seus convidados pegos de surpresa em meio à estrutura metálica, transformada em um verdadeiro inferno.
Eu, de onde estava, assistindo aquele prédio colossal em chamas, não tive tempo de raciocinar sobre o que era real e o que era ficção. Fui saindo à francesa, me segurando em corrimões, me encostado às paredes até chegar ao elevador. Senti-me aliviado, ainda mais, quando ouvi o ranger de porta abrindo e o aviso do conhecido ascensorista: Térreo, Almeida! Abri os olhos e sorri pisando em terra firme.

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