“Sei que aí
dentro ainda mora um pedacinho de mim. Um grande amor não se acaba assim, feito
espumas ao vento. Não é coisa de momento, raiva passageira, mania que dá e
passa feito brincadeira: O amor deixa marcas que não dá pra apagar. Sei que
errei e estou aqui pra te pedir perdão, cabeça doida, coração na mão, desejo
pegando fogo. Sem saber direito aonde ir e o que fazer, eu não encontro uma
palavra só pra te dizer. Mas se eu fosse você, amor, eu voltava pra mim de novo.
E de uma coisa fique certa, amor, a porta vai estar sempre aberta, amor. O meu
olhar vai dá uma festa, amor, na hora que você voltar”.
Minhas sestas, aos sábados e domingos, se dão aqui em uma
das velhas redes. Nesse cochilo me acompanham grandes autores, seja em qualquer
forma literária ou na música, uma boa música. Hoje, por exemplo, fui balançado
pela nata da música popular brasileira. Iniciei meu embalo com a prodigalidade
nordestina de Paulo Diniz, passando por João Gilberto e de outro Gilberto, o
Gil. Aí vieram Caetano, Belchior, Betânia, as Flávias Wenceslau e Bitencourt. As
letras, linhas melódicas e interpretações me fazem flutuar nesse balanço enredado.
Uma reflexão me ocorre outra vez mais dentre milhares. É sobre os compositores,
muitas vezes inéditos ou sem o devido reconhecimento. Caso emblemático de Accioly Neto, a quem chamava
Papagaio, autor de “Espuma ao vento”, tornada célebre na voz de Raimundo Fagner.
Essa dívida com os autores de música brasileira é imoral, não
há uma política de obrigatoriedade – e haja tempo –, fazendo com que as
diversas mídias publiquem a obra com o crédito da autoria, diminuindo um débito
histórico com quem realmente cria, letras, melodias e sonhos. Não que os
intérpretes não devam ser exaltados, ao contrário do que muitos pensam, mas que
se faça justiça aos artistas criadores, a exemplo de Accioly Neto que, em um
jantar na residência de Mael Malazarte, um amigo em comum, desabafara seu
desencantamento com essa triste realidade. Accioly, hoje, jaz esquecido!
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