Estava desempregado, havia uma semana que procurara emprego
em Recife, sentia-se faminto, queria voltar para casa, não tinha dinheiro. Esta
foi a situação pormenorizada daquele cidadão, trabalhador que me pedia ajuda. Despedi-me
do grupo e, meio desconfiado, o convidei a caminhar em direção à Duque de
Caxias com destino ao Cais de Santa Rita, onde minha esposa, gestante à época,
me aguardava. Lá cheguei e o apresentei como amigo, mas sem dizer que o levara
conosco. Tomamos o ônibus, descemos em Piedade e o rapaz nos acompanhando. Até
que chegamos ao apartamento e, só aí, contei a historia. Conosco moravam meu
irmão Fernando e minha cunhada Mirtes. Ficaram todos sobressaltados quando
informei que iria a uma reunião de condomínio e me demoraria por lá.
Ao moço foi servida comida, roupa e um colchonete para
dormida. Na manhã seguinte o levei à rodoviária e o vi embarcar de volta para
Lagoa de Itaenga. Uns dez anos mais tarde, num vagão do metrô de Recife, sinto
alguém me tocar às costas e olho para me certificar de quem se tratara, sem
reconhecer.
- Tá lembrado de mim?
- Desculpe-me, mas não lembro.
- Sou aquele rapaz de Lagoa de Itaenga...
Aí me apresentou à família, narrando o ocorrido em
nosso encontro, expressando enorme gratidão.
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