Publiquei “Sorrateiro”, dia 18 do último janeiro: “... Era um gato! Deu as
caras quando da visita de uns amigos recifenses. ... Eu, confesso,
sou arredio a qualquer animal que me deixe propenso ao apego. No passado, ainda
criança, convivi com Tango, mais tarde vieram Rex, Langoni, Frank, Sinatra e
Bilú, todos da família canina. Luma, Gregor e Mimi foram os felinos também de
época remota. Xande, o último felino, aceitamos de presente com muita
relutância de seu Silvestre. Mari, hoje irmã Mariângela, convenceu o avô a
criar o gatinho cheio do dengo de toda a casa até que foi ‘resgatado’ por sua
mãe, sumindo pelos telhados da Maternidade São Francisco de Assis. Todos
sentimos, choramos o sumiço de Xande, o apego é inevitável”.
A partir desse relato verão vocês que nada tenho de bisbilhoteiro,
posto que Caco é como o batizei com alguma relutância intramuros. Só agora,
pela bisbilhotagem de uma amiga descobrimos sua verdadeira identidade. Caco é
Coca. E a descoberta - só Freud explica - ainda me chega com a ressalva do “Prepare-se:
Você será avô!”. Dei de ombros, nada muda. E tudo muda! Mesmo arredio
fui dando atenção, alimentando. Ele (que agora é ela) foi se encostando, já
arrumara lugar para dormir, se espreguiçar em minha rede e nos alentar com seu miau, miau tão
cativante, nem sempre à busca de comida, mas carinho.
Ocorre que não posso me apegar a ela. Minha frequência afetiva deverá
ser limitada ou darei com os burros n’água, como me ocorrera antes. Ela vem de além muros, não tem uma
presença que justifique a doação que reluto em dar. De uma hora pra outra ela some,
simplesmente. Pronto!
Prefiro manter as coisas como estão. Caso apareça com aquele seu miau,
miau tão cativante retribuo da melhor forma possível. Posso até lhe fazer uns
cafunés. Fora disso nada a combinar. Que ela siga com seu jeito estranho de só
aparecer quando lhe aprouver. Isso causa-me espanto, às vezes, mesmo assim será amada.
Sempre que voltar, como naquela canção de Lancellotti, ao contrário do que muitos pensam!
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