Indagado por uma amiga “Oi Carlito quanto tempo? Como vai
você?”, respondi tentando demonstrar um alto astral que não há em mim: “Muito
bem! Curtindo um ano novo, em busca de novo tempo que, me parece, insiste em
não mudar, pelo menos a meu ver”. Ando, a bem da verdade, meio macambúzio com o
mundo em volta. Antes é preciso ser sensato, verdadeiro e explicar que vejo o
mundo pelos olhos dos meus ouvidos. São eles que me conduzem pelos becos e
vielas daqui e de alhures.
Ontem, segundo dia de Carnaval, saí meio que de pés amarrados, sem a
mínima vontade de deixar meu ambiente de casa com aquilo que me apraz e que dá
paz aos ouvidos que veem o mundo. Por força do ofício saí como se fora um boi
indo ao mourão, aquela estaca, esteio ou tronco grosso e forte, que se utiliza
para amarrar o gado, geralmente à espera do abate. O bicho parece que antevê
sua sina, fica cabisbaixo assim como me sentira na tarde de ontem. Quando
escrevia meu “Banzo Dominical” recorria ao tema a que alguns tratam como
empobrecimento musical. Eu, sem rodeios, trato como embrutecimento cultural. Asnos
e filhos de seus cruzamentos com éguas nada têm a ver com isso, não merecem a
adjetivação usual. É só pancada e sexo! E de sexo eu gosto à beça. Gosto e como
gosto, sem ser puritano e já carregando nas tintas. Mas as letras “carnavalescas”
de que trato falam de genitálias tão mediocremente, de coitos com letras tão
mal elaboradas musicalmente falando.
Já que tratei do
assunto longe, muito longe, estão de serem comparadas às letras e linhas
melódicas que trazem o coito, o sexo à poesia a exemplo de Gonzaguinha (Grito de alerta) ou Adriana
Calcanhoto (Depois de ter você), para ficar só por aqui. Sair às ruas e “ver o
que se ouve” com ouvidos minimamente apurados é tarefa difícil de se enfrentar.
Um esgoto a céu aberto, aqui mal comparando, posto que o esgoto ainda se pode
tratar e ter água em sua forma pura. Ao contrário do que muitos pensam, não há tratamento
para o que se ouve mundo afora, nem mesmo a fossa anaeróbia lá de
casa. Mas como diria o profeta bigbrodense, "Faz parte": O mundo
imbecilizou-se!
É a carnavalização do mundo !
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