terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Ouvindo é que vejo o mundo

Indagado por uma amiga “Oi Carlito quanto tempo? Como vai você?”, respondi tentando demonstrar um alto astral que não há em mim: “Muito bem! Curtindo um ano novo, em busca de novo tempo que, me parece, insiste em não mudar, pelo menos a meu ver”. Ando, a bem da verdade, meio macambúzio com o mundo em volta. Antes é preciso ser sensato, verdadeiro e explicar que vejo o mundo pelos olhos dos meus ouvidos. São eles que me conduzem pelos becos e vielas daqui e de alhures.
Ontem, segundo dia de Carnaval, saí meio que de pés amarrados, sem a mínima vontade de deixar meu ambiente de casa com aquilo que me apraz e que dá paz aos ouvidos que veem o mundo. Por força do ofício saí como se fora um boi indo ao mourão, aquela estaca, esteio ou tronco grosso e forte, que se utiliza para amarrar o gado, geralmente à espera do abate. O bicho parece que antevê sua sina, fica cabisbaixo assim como me sentira na tarde de ontem. Quando escrevia meu “Banzo Dominical” recorria ao tema a que alguns tratam como empobrecimento musical. Eu, sem rodeios, trato como embrutecimento cultural. Asnos e filhos de seus cruzamentos com éguas nada têm a ver com isso, não merecem a adjetivação usual. É só pancada e sexo! E de sexo eu gosto à beça. Gosto e como gosto, sem ser puritano e já carregando nas tintas. Mas as letras “carnavalescas” de que trato falam de genitálias tão mediocremente, de coitos com letras tão mal elaboradas musicalmente falando.
Já que tratei do assunto longe, muito longe, estão de serem comparadas às letras e linhas melódicas que trazem o coito, o sexo à poesia a exemplo de Gonzaguinha (Grito de alerta) ou Adriana Calcanhoto (Depois de ter você), para ficar só por aqui. Sair às ruas e “ver o que se ouve” com ouvidos minimamente apurados é tarefa difícil de se enfrentar. Um esgoto a céu aberto, aqui mal comparando, posto que o esgoto ainda se pode tratar e ter água em sua forma pura. Ao contrário do que muitos pensam, não há tratamento para o que se ouve mundo afora, nem mesmo a fossa anaeróbia lá de casa. Mas como diria o profeta bigbrodense, "Faz parte": O mundo imbecilizou-se!

Um comentário :