Caruaru vivia uma efervescência política com a redemocratização do Brasil,
após o Golpe de 64. O PCB criara, então, seu primeiro diretório municipal, em
1987. O episódio que aqui passarei a explorar me foi relatado pelo jornalista,
escritor, militante e amigo Roberto Numeriano. A esquerda carecia mostrar a
cara pelos brasis afora e aquele diretório decidiu numa assembleia que concorreria
às próximas eleições proporcionais, no município. Seria uma oportunidade de ter um seu representante
na Câmara Municipal de Caruaru - Casa Jornalista José Carlos Florêncio, a maior casa legislativa municipal do interior de Pernambuco.

É aí que se dá o inusitado, segundo a versão do amigo/irmão Numeriano.
Certa manhã, aproximado o dia do pleito, um gari encosta-se a uma loja e
aguarda como se fora o primeiro da fila. Um amigo, também gari, o interpela indagando
o que fizera àquela hora, parado, em frente à loja de materiais esportivos. A
explicação vem a galope:
- Tô guardando meu lugar, parceiro.
- Guardando lugar pra quê, rapaz?
- Oxe! Tais sabendo não? O candidato tá dando tênis!
- Não, tô sabendo não?
- Menino, lê a praça, lê a praca!
O amigo olha atento, lê e continua sem entender qual era a do
companheiro:
- E daí. O que tem a placa com tua espera? E, depois, nem fila existe!
- Home, tá escrito: “Demos Tênis e Material Esportivo”.
O amigo saiu dando risada do que presenciara. À placa luminosa havia o
seguinte letreiro:
“Demóstenes Materiais Esportivos”.
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