domingo, 26 de abril de 2015

Diga ao povo que FIC

     Eu, declamando, entre Pedro Soares e Marco Di Aurélio
Caminhando a esmo pelas ruas de Campina Grande, um encontro. Diante de mim, parado, estupefato está Mané Cabelim. Digo, a quem não sabe, que este “desinfeliz” é cria do grande Jessier Quirino. Ainda não entendi como um cabra do quilate de Jessier se ocupa em dar vida a um sujeito tão descabido e inescrupuloso. Eu mal acabara de contatar meu amigo Marco Di Aurélio e o mundo todo já era informado do causo: ― É, eu tô sabendo que aquele baibudo tá indo poetizar em Esperança. Mai parece Ontôi Conselhero. Dizem que o Sarau de lá tá até aniversariando, né? ―, assim iniciava meu diálogo com aquele mal-acabado. Então pergunto de onde viera tal informação e ele já atalha na resposta: ― Oxi! O povo todo tá comentando. Dizem inté que ele vem com a mulé e um sujeitim metido a compositô e tocadô de viola, um  tá de Pedim!
Ali eu vi que a conversa tomara rumo tortuoso. A mulher a quem Mané fazia referência é Roseli, um dos mais dóceis seres humanos que já conheci. Pedim, por sua vez, é um estimado amigo daquele casal. Engenheiro, poeta e compositor esmerado. Eu não deveria dar margem para que aquela conversa se estendesse, mas se tratando de Mané Cabelim, fiquei no “mato sem cachorros”. ― Eu num sei que graça tem esse negócio de Sarau. Um magote de gente sem tê o que fazê faz ajuntamento de outro magote pra jogar conversa fora ―, dizia Mané, já com instinto de provocação. ― Um homi tão defamado, bancáro apusentado do Banco do Brasí, se passá prum negóço desse, rapai. E ainda bota a pobe da mulé pra tá arriba e abaxo nesse negóço de fulerage da cultura ―. Pensei em encerrar a conversa, mas deixei fluir pra ver onde ia dar. ― Um cabra se passá pra tá em mei de fêra, tocando zabumba e dizendo velso, cuma faz aquele Marco e os cupicha dele, num deve de tá variando bem do juízo não, visse. Arreda de perto dele enquanto é tempo, senão tu vai ficá disleriado do mermo jeitim ―, advertiu-me Mané.
Quando vi o rumo que tomarara aquela prosa tive um lampejo de felicidade ao perguntar algo do total desagrado de Mané Cabelim: ― Tu tens visto Jessier, Mané? ―, então percebi sua inquietação: ― Homi, eu tenho pressa. Vamo mudar de assunto! ―, e lá se foi Mané. Em seguida encontrei-me com Marco, Roseli, Pedro Soares e seguimos à Esperança ao encontro de Evaldo Brasil, Rau Ferreira e os meninos sabidos do Megafone Soluções Culturais. Nosso sarau não mais engatinha, já está de pé, fez um ano! Quis o destino que um lapso ocorresse para que a festa se desse na Praça da Cultura, espaço destinado a eventos afins. Parabéns a todos que fizeram e fazem o Sarau-FIC Esperança. Quando o assunto é poesia diga ao povo que FIC.

Um comentário :

  1. Então FIC seu Carlos, que este aqui também é seu palco, e Esperança também é seu torrão. Tenho orgulho e tenho fé deste amigo Jerimum e guardadas as devidas proporções, por que és uma estrela de alta grandeza, me espelho na tua arte.

    ResponderExcluir