Chuva: sinfonia orquestrada |
Caiu na boca do povo! Caiu nas ruas, nas praças,
nos sítios. A chuva caiu no telhado, nas calhas e desceu até a cisterna. “Choveu
na minha horta”, frase que deve ter sido repetida nos recantos de Esperança e circunvizinhança. Foi daquelas chuvas que alagam ruas e enchem as almas
sedentas dos lavradores que a esperavam faz tempo. Eu, mesmo precavido ou amedrontado
pela ação de um possível raio, saí dançando na chuva. Banhei-me debaixo daquele
aguaceiro carregado de uma esperança pluviométrica.
Voltando para casa apresso o passo. Vejo nos
olhares o prenúncio de festa, uma certeza de que a vida fluirá irrigada em solo
fértil. As sementes darão brotos do futuro pão. O verdume da plantação está em
nossa imaginação e a invernia que se apresenta no outono é como dádiva caída em
forma de gotas com enorme precipitação. Eu me precipito em um palpite. Estou certo
de que a colheita será farta, ainda que tardia na concepção de quem é do batente.
Dia de São José já é passado, mas água é água e caída do jeito que caiu nos basta
para ter fé no trabalho, semeadura e colheita.
Em dias de chuva, após espaçosa estiagem, não há
como não lembrar do meu pai, Seu Soares, com sua alegria e os aboios em
saudação à água tão aguardada quanto bem vinda. Ehhhhhhhhh, ehhhhhhhhh, ô
boiada: A chuva cai no telhado / Trazendo água pra gente / Cai em pé, corre
deitada / Como música plangente / É sinfonia orquestrada / Pego semente e enxada
/ E a terra sorri contente / ehhhhhhhhh!
Primoroso...
ResponderExcluirAcho que ontem era Jesus tirando retrato do sofrimento da gente:
ResponderExcluirhttp://evaldobrasil.blogspot.com.br/2008/05/c49-035-jesus-tirando-retrato-do.html