terça-feira, 7 de abril de 2015

A chuva caiu

          Chuva: sinfonia orquestrada
Caiu na boca do povo! Caiu nas ruas, nas praças, nos sítios. A chuva caiu no telhado, nas calhas e desceu até a cisterna. “Choveu na minha horta”, frase que deve ter sido repetida nos recantos de Esperança e circunvizinhança. Foi daquelas chuvas que alagam ruas e enchem as almas sedentas dos lavradores que a esperavam faz tempo. Eu, mesmo precavido ou amedrontado pela ação de um possível raio, saí dançando na chuva. Banhei-me debaixo daquele aguaceiro carregado de uma esperança pluviométrica.
Voltando para casa apresso o passo. Vejo nos olhares o prenúncio de festa, uma certeza de que a vida fluirá irrigada em solo fértil. As sementes darão brotos do futuro pão. O verdume da plantação está em nossa imaginação e a invernia que se apresenta no outono é como dádiva caída em forma de gotas com enorme precipitação. Eu me precipito em um palpite. Estou certo de que a colheita será farta, ainda que tardia na concepção de quem é do batente. Dia de São José já é passado, mas água é água e caída do jeito que caiu nos basta para ter fé no trabalho, semeadura e colheita.
Em dias de chuva, após espaçosa estiagem, não há como não lembrar do meu pai, Seu Soares, com sua alegria e os aboios em saudação à água tão aguardada quanto bem vinda. Ehhhhhhhhh, ehhhhhhhhh, ô boiada: A chuva cai no telhado / Trazendo água pra gente / Cai em pé, corre deitada / Como música plangente / É sinfonia orquestrada / Pego semente e enxada / E a terra sorri contente / ehhhhhhhhh!

2 comentários :

  1. Acho que ontem era Jesus tirando retrato do sofrimento da gente:
    http://evaldobrasil.blogspot.com.br/2008/05/c49-035-jesus-tirando-retrato-do.html

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