quarta-feira, 8 de abril de 2015

A fã e o poeta

           A fã Simone Gomes e poeta Manoel Monteiro
Ela estava na Feira Central, em Campina Grande, quando deu de cara com o poeta. então se apressou em perguntar se era ele mesmo que ali se encontrara, à sua frente. O poeta, claro, assentindo positivamente e já emocionado, contempla aquela jovem que acabara de demonstrar conhecimento e admiração por seus versos em cordel:
— E como você, assim tão jovem, me reconhece?
 Reconheço sim, sou fã do seu trabalho como poeta!
E que fã ali se revelara ao poeta cordelista que, embora nascido em Bezerros, agreste pernambucano, adotou Campina Grande como lugar de morada e “ganha pão”. Simone Gomes, nunca soubera Manoel Monteiro, foi atriz revelação do teatro campinense, em 2015; é estudante de violino no Departamento de Arte da UFCG; graduanda do penúltimo período de Filosofia-UEPB e, acima de tudo, amante incondicional da literatura de cordel.
Conhecendo como conheci o poeta Manoel Monteiro fico imaginando aquela cena passada em meio de feira, algo tão decantado pelos poetas daqui e de alhures. Pois foi justamente na feira em que se dera aquele reconhecimento, uma homenagem a quem vive da arte em um mundo que lhe nega o apreço merecido. Ele, certamente, ficou muito emocionado. Tinha uma ligação de amor com a arte que cultuava. A literatura de cordel era uma extensão do seu corpo, por assim dizer.
Conversa vai, conversa vem, eis que ouço um “peraí que tenho algo a te mostrar”. E já vem de volta Simone, minha colega (de primeira hora) da Filosofia-UEPB, com um livreto de cordel. Abre-o e mostra uma dedicatória tão modesta e grandiosa quanto seu autor. Aí desaba a contar como se dera aquele encontro com o saudoso poeta sem esquecer o comentário: “Um mês depois o poeta se foi, fiquei muito triste”. Naquele cordel o poeta Manoel Monteiro faz menção a Zé da Luz, batizado Severino de Andrade Silva, paraibano de Itabaiana e imortalizado em Brasí Cabôco, Ai! Se Sêsse!... e As flô de Puxinanã (Paródia de As "Flô de Gerematáia" de Napoleão Menezes). Então Simone me sugere a leitura dos versos à pagina 2. Eu, de “cor e salteado”, tento declamar: “Três miué ou três irmã, / três cachorra da mulesta / eu vi num dia festa / num lugá Puxinanã...”.

3 comentários :

  1. A fã Simone Gomes, ficou muito encantada em ver o nobre poeta Manoel Monteiro, naquele dia em meio a feira central onde estava a comprar mandioca e o nobre poeta goma!
    Grande por seus feitos, o poeta não acreditou que naquela idade alguém o conhecesse... Mau sabia ele, que ele foi um dos precursores pela minha paixão por teatro e cordel!
    Talvez o destino quisera demonstrar, que pra todo feito sempre existe alguém ou alguns que gostam... Por isso, caro colega Carlos Almeida também sou sua Fã!!
    Pela pessoa bondosa, amiga, brincalhona e quase séria que conheço(kkkkkkkk)
    As vezes fico em duvida se Jerimum é apenas um personagem! ^~

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    1. Ele, como outros que conhecemos, parece transitar muito rápido entre um e outro. É que o alter-ego parece que vai tomando conta e, sem se dar conta, deixa de ser um que não era para ser o outro que sempre esteve lá dentro, latente!
      Assim como Manoel Monteiro que, mesmo se quisesse, não se separaria da própria obra. Criador e Criatura são na verdade Criadura ou Criatora, ou ainda Criautor, embora prefira a segunda.

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  2. Eu gostaria de saber onde encontrar o poema, não a paródia "As Flô de Gerematáia", de Napoleão Meneses. A paródia de Zé da Luz ao poema eu já tenho. Eu tenho um blog. com o nome de Francisco Miguel de Moura. Pode mandar para ela através comentário ou para meu e-mail: franciscomigueldemoura@gmail.com

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