Tarefa encerrada e mulher satisfeita, fui ao lazer porque
ninguém é de ferro. Armei a velha rede e apertei o “pitoco” da saudade. Passeei
pelas ruas e ruelas da minha Recife, cruzei o Capibaribe, fui ao Beco-da-fome,
passei pelo Teatro do Parque, voltei pela Sete de Setembro, dobrei pela Aurora,
parei na ponte da Boa Vista. Ali lembrei duma proeza de seu Silvestre que pulou
da ponte (nos anos 40) em busca de um chapéu-coco que caíra pela ação do vento. Um mergulho,
um susto e o chapéu: são, molhado e salvo em suas mãos. Dali fui à estação
central da Rede Ferroviária, hoje Museu do Trem. Aquela “Maria-fumaça” já me
dera muitas alegrias em viagens sem fim pelo interior, rumo a Belo Jardim.
Viagens cujas narrativas, aliás, me foram cobradas pela prima Jurema, aqui
mesmo no Banzo Dominical.
“Pelas ruas do Recife, todo dia sem parar, se ouvia essa
cantiga conhecida no lugar: Eu tenho lã de barriguda pra travesseiros. E o
vendedor de pitomba, alegria da mocidade seguia sempre cantando pela ruas da
cidade: Chora menino pra comprar pitomba, chora menino pra comprar pitomba.
Quem foi menino em Recife ainda deve se lembrar de quantas vezes chorou por
bolinha de cambará. Eu tenho bolinha de cambará, um pacote é um tostão, bolinha
de cambará cura tosse e constipação. Vendedor de macaxeira, passava todo dia
com macaxeira-rosa e macaxeira baía: Caxeeeeeira! Macaxeira-rosa! É rosa e
baía! Cozinha na água fria, dona Maria! E o vendedor de vassoura parecia um
embolador, cantava num só fôlego, era um pregão de valor: Vassoureeeeiro!
Bascuiador, espanador, esteira d’Angola, colher-de-pau, raspa-coco e gréia! Eu
tenho quartinha e mé novo, mé novo de engenho”.
Abraço a Gilvan Chaves: Saudosa memória!
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