domingo, 21 de setembro de 2014

Tarefas, pregões e saudade!

Ultimamente vivo que é uma saudade só! Encerradas as tarefas caseiras, aquelas que a mulher diz: -Faça! E agente segue àquela velha máxima: “Manda quem tem juízo, obedece quem pode”. Então fui à luta e me arvorei contra o Aedes Aegypti, aquele mosquitinho causador da dengue. Eu, acometido que fui, já por duas vezes, corri a limpar reservatórios e recipientes que pudessem abrigar esse terrível hospedeiro quando, do nada, recebo um convite amigo: “Vem assistir a corrida e tomar uns goles”. Sem muita delonga me certifiquei que a corrida era a Fórmula 1, já os goles oferecidos seriam de cerveja. Domingo, corrida, cerveja... Afff Tudibom! Mas recusei e ouvi o “resmungo” do outro lado da linha: “Vi você na caixa-d’água e ainda diz que não tem tempo pra uma cerva, né!”. Ao contrário do que muitos pensam, agradeci o convite ressentido menos pela corrida, mais pela cerva. Entre tomar cerveja ou cuidado, preferi o cuidado contra o mosquito. 


Tarefa encerrada e mulher satisfeita, fui ao lazer porque ninguém é de ferro. Armei a velha rede e apertei o “pitoco” da saudade. Passeei pelas ruas e ruelas da minha Recife, cruzei o Capibaribe, fui ao Beco-da-fome, passei pelo Teatro do Parque, voltei pela Sete de Setembro, dobrei pela Aurora, parei na ponte da Boa Vista. Ali lembrei duma proeza de seu Silvestre que pulou da ponte (nos anos 40) em busca de um chapéu-coco que caíra pela ação do vento. Um mergulho, um susto e o chapéu: são, molhado e salvo em suas mãos. Dali fui à estação central da Rede Ferroviária, hoje Museu do Trem. Aquela “Maria-fumaça” já me dera muitas alegrias em viagens sem fim pelo interior, rumo a Belo Jardim. Viagens cujas narrativas, aliás, me foram cobradas pela prima Jurema, aqui mesmo no Banzo Dominical. 

“Pelas ruas do Recife, todo dia sem parar, se ouvia essa cantiga conhecida no lugar: Eu tenho lã de barriguda pra travesseiros. E o vendedor de pitomba, alegria da mocidade seguia sempre cantando pela ruas da cidade: Chora menino pra comprar pitomba, chora menino pra comprar pitomba. Quem foi menino em Recife ainda deve se lembrar de quantas vezes chorou por bolinha de cambará. Eu tenho bolinha de cambará, um pacote é um tostão, bolinha de cambará cura tosse e constipação. Vendedor de macaxeira, passava todo dia com macaxeira-rosa e macaxeira baía: Caxeeeeeira! Macaxeira-rosa! É rosa e baía! Cozinha na água fria, dona Maria! E o vendedor de vassoura parecia um embolador, cantava num só fôlego, era um pregão de valor: Vassoureeeeiro! Bascuiador, espanador, esteira d’Angola, colher-de-pau, raspa-coco e gréia! Eu tenho quartinha e mé novo, mé novo de engenho”.


Abraço a Gilvan Chaves: Saudosa memória!

Nenhum comentário :

Postar um comentário