domingo, 7 de setembro de 2014

Essa palavra SAUDADE!

Ela chega e vai embora sem dar notícias. De repente, não mais que de repente, aparece e me enche o peito de sua presença deixando meus olhos marejados. Pinto de Monteiro (A Cascavel do Repente), traça sua forma de ver essa minha companheira d’agora: “Essa palavra saudade / Conheço desde criança / Saudade de amor ausente / Não é saudade, é lembrança / Saudade só é saudade / Quando morre a esperança”.


Acordo, faço a toalete matinal, tomo aquele café quentinho nesta manhã fria de domingo. Ainda não me emancipei da saudade para a qual não há um grito de independência. Há uma forma de vê-la diferente, ao gosto de Ana Débora, a Mascarenhas d’O Mundo e Suas Voltas. Ela trata saudade apenas como lembranças, assim como as lembranças da dona Teté! Mas voltemos ao café quentinho desta manhã que me abduziu no tempo e no espaço. Levou-me a uma memória dos tempos de criança, com aquele café à mesa farta de tudo, inclusive da boa prosa. O rádio ligado na PRA-8, com Aldemar Paiva e o “Pernambuco Você é Meu”, onde a poesia e a descontração corriam soltas. A TV era só ligada à tarde, mas o rádio era a diversão preferida, pois havia o futebol nas resenhas esportivas.

“Aquele café torrado / De forma muito singela / Num caco ou numa tigela / Tinha o sabor destacado / Depois de feito coado / Mamãe pra mesa trazia / O aroma se estendia / Pelo casarão inteiro / Eu ainda sinto o cheiro / Do café que mãe fazia”. Domingo era dia de ir à missa, visitação a parentes ou presídios e hospitais. Havia muito além disso, tudo era festa. Andar de bonde (auto motriz) pelas ruas do Recife é algo inesquecível. Abraçar aquele baobá em frente ao Palácio das Princesas, contemplar o Teatro Santa Isabel, ali ao lado, me deixava deslumbrado. Não entendia muito bem a função das estátuas fincadas nas praças recifenses. Joaquim Nabuco estava ali, olhando o Capibaribe que desfila suas águas por sob a Duarte Coelho. O bonde sobre ela também desfilava, ao contrário do que muitos pensam. Aí caminhávamos pelas Ruas da Aurora, Velha, Nova, Concórdia, Flores...

Por entre elas sigo eu vagando em minhas memórias nesta fria manhã.




Nenhum comentário :

Postar um comentário