domingo, 10 de abril de 2016

Podres poderes

Paulo Francis denunciou a sangria da Petrobras que, aliás, passou em brancas nuvens no governo FHC com um Geraldo Brindeiro que o brindava e blindava com os famosos engavetamentos de processos na Procuradoria Geral da República. Ao contrário do que muitos pensam! 


A sangria há e vou direto ao ponto. Empresários, aos montes, falseiam suas declarações de impostos e, daquela fatia mínima declarada, auxiliam legalmente campanhas dos amigos como se fosse ajuda de uma “coleta vicentina”. Os beneficiários dessa coleta, por sua vez, a declaram em suas campanhas eleitorais, dentro de toda lisura oferecida pela Lei Eleitoral. O grosso volume da dinheirama dessas campanhas, saibam, não se declara porque é originária do Caixa 2, 3...

Essas histórias entram por um ouvido, saem pelo outro
Campanha para quem pleiteia vaga nas câmaras municipais, assembleias legislativas, prefeituras, governos estaduais, câmara federal, senatoria e presidência da república não vai adiante só com doações vicentinas. O caixa 2 é o grande sustentáculo dessa farra brasileira que a cada dois anos se dá brasis afora.

O incrível é que tudo isso ocorre de modo que só eu saiba. Eu e somente eu! Creia, você leitor ou leitora, que nenhum juiz eleitoral – por mais cioso que seja com a coisa pública e com a boa aplicação da Lei – tem juízo do que ocorre à sua volta. É como acreditar em Papai Noel. Isso explica a (in)existência da compra e venda de votos tão propalada nas rodas sociais e midiáticas. Todo mundo sabe, todo vê, mas é uma infâmia dizer que todo juiz é sabedor. A probidade é tanta que lhes tolhe a visão.

Ainda bem que a falta de probidade absoluta dos TCEs e TCU no julgamento das contas dos nossos gestores, em suas respectivas esferas, está longe de ser verdade. É maldade julgar que haja o “jeitinho brasileiro” num ou noutro julgamento dessas contas. Outra falácia é que, na história desse país, se levou ou lavou dinheiro estatal ou de economia mista para pompa e circunstância das campanhas eleitorais cinematográficas com toda aquiescência da legalidade. A classe política (refiro-me aos do bem) é refém dessa capenga, caduca e esdrúxula Lei Eleitoral. As campanhas são tão limpas quanto as doações a uma paróquia franciscana.

Cá pra nós! Com um judiciário e um legislativo tão probos e decentes não se concebe o impedimento de um mandato obtido com 54 milhões de votos legítimos, nas urnas, sem haver cometido qualquer crime de responsabilidade. Caso assim procedam, rasguem e ponham no lixo, mais uma vez a Constituição, como o fizeram em 64!

Insisto na defesa de que judiciário e legislativo não são cegos nem podres, embora ninguém acredite!

Nenhum comentário :

Postar um comentário